Poems
A Poetry Selection
77 Poems
SEGUIAS TU PELA ESTRADA
Seguias tu pela estrada
e eu seguia plo carreiro:
tão fácil, movimentada;
eu, tão tardo caminheiro.
Os pés à vista de ti
inda mais se me toldavam;
se andava junto ou sem ti
meus sentidos ignoravam.
Ainda sou caminheiro,
ainda vais pela estrada:
sempre mais lento o carreiro,
e tu mais longe na estrada.
YOU WERE GOING BY THE ROAD
You were going by the road,
And I was going by the path.
So easy in your movements,
And I so slow in my walk.
My steps, looking at you
Became even more confused.
Whether I was with you or not
My senses did not know.
I still go by the path,
You still go by the road;
The path–slower and slower;
And you farther on the road.
21.7.1945
In Suspension Bridge (77 Poems)
IMAGEM
No firme azul do desdobrado céu
decantarei a límpida magia
des sensações mais puras, melodia
da minha infância, onde era apenas Eu.
Da realidade nua desce un véu
que, já sem mar, apenas maresia,
me vem tecer aquela chuva fria
que prende esta janela ao claro céu.
Despido o ouropel desvalioso,
já não apenas servo, mas o Rei
da luz da minha lâmpada romeira,
assim procuro o centro misterioso
do mundo que hoje habito, onde serei
concêntrica expressão da vida inteira.
IMAGE
In the firm blue of the unfolded sky
I shall decant the limpid magic
Of the purest sensations, melody
Of childhood, where I was only I.
From the naked reality falls a shadow
That, with sea no more – its smell alone,
Comes to weave that rain so cold
Which joins this window to the clear sky.
Left behind the useless tinsel,
No more the slave, but now the King
Of the light of my wandering lamp,
Thus I seek the mysterious centre
Of the world I now inhabit, where I shall be
The concentric utterance of life itself.
On board the Atlantic
14.10.1945
In Suspension Bridge (77 Poems)
ORFEU
Rosto do mundo que os ventos disseram
e um outro sol derreteu em palavras
eu sou o sangue que os desertos não ignoram
o mar que nunca mais se desfará em praias
o gesto perfeito o grito já sem dor
o rosto iluminado das lágrimas ausentes–
e o vento concreto à volta de tudo
repetição dos membros abraçando
uma por uma as ausências da terra.
ORPHEUS
Face of the world told by the winds
And which another Sun dissolved into words,
I am the blood known by the deserts,
The sea that never more will fade on shores,
The complete gesture, the cry without pain,
The face enlightened by the absent tears–
And the concrete winds surrounding everything,
Repetition of the arms embracing
One by one the absences of the world.
In Adventure (77 Poems)
DIOTIMA
És linda como haver morte
depois da morte dos dias.
Solene timbre do fundo
de outra idade se liberta
nos teus lábios, nos teus gestos.
Quem te criou destruiu
qualquer coisa para sempre,
ó aguda até à luz
sombra do céu sobre a terra,
libertadora mulher,
amor pressago e terrível,
primavera, primavera!
DIOTIMA
You are beautiful as the existence of death
After the dying of the days.
Solemn timbre from the depths
Of another age is freed
In your lips, in your gestures.
Who gave you life has destroyed
Forever something else,
O vibrant more than light
Shadow of heaven on earth,
O bringer of freedom
Ominous, terrible love,
Spring, o spring!
1951
In Adventure (77 Poems)
Palácio
O TIGRE QUE CAMINHA
O tigre que caminha nos meus gestos
Tem a graça insolente dos navios.
O mar que existe além das minhas rochas
É multíssimo anterior à minha infância.
A tarde que se inclina sobre os homens
Não escreve, não pinta, não consola.
A tarde inclina-se. E é tudo.
Mais lentamente que as ondas
Mas sem ruído.
THE TIGER THAT WALKS
The tiger that walks in my gestures
Has the insolent grace of the ships
The sea that exists beyond my rocks
Is much older than my childhood
The afternoon that falls on men
Does not write, paint or console.
The afternoon falls. That’s all.
More slowly than the waves
But silently.
London
27.3.1956
In Palácio, Selected Poems, and Labareda
AMOR
Apesar de tudo há um caso de amor
Entre mim e a vida
1958
In Palácio
LOVE
In spite of all there’s a love affair
Between me and life
Exílio
AGONIA
E entre os sons brutais da rua linda,
Desenhada nas mãos dessa cidade,
Sinto morrer uma espiral que ainda
Tortura o meu desejo de verdade.
E entre rostos, muros, solidões,
Prédios sem música, alheios, vazios,
Arrastei esse dia, esses milhões
De dias desse dia, ó fonte, ó rios!
Momento dos momentos (provocando
A eclosão do nó do universo
Na minha vida anónima) criando
Círculos infinitos como um verso,
Ó clarão! Ó sombra! Perplexidade.
Ó luz, eu morro. Eu morro, verdade.
Lisbon
5.11.1962
In Exílio
A LÍNGUA PORTUGUESA
Esta língua que eu amo
Com seu bárbaro lanho
Seu mel
Seu helénico sal
E azeitona
Esta limpidez
Que se nimba
De surda
Quanta vez
Esta maravilha
Assassinadíssima
Por quase todos que a falam
Este requebro
Esta ânfora
Cantante
Esta máscula espada
Graciosíssima
Capaz de brandir os caminhos todos
De todos os ares
De todas as danças
Esta voz
Esta língua
Soberba
Capaz de todas as cores
Todas os riscos
De expressão
(E ganha sempre a partida)
Esta língua portuguesa
Capaz de tudo
Como uma mulher realmente
Apaixonada
Esta língua
É minha Índia constante
Minha núpcia ininterrupta
Meu amor para sempre
Minha libertagem
Minha eterna
Virgindade
THE PORTUGUESE LANGUAGE
This language that I love
With its barbarous cut
Its honey
Its Hellenic salt
And olive
This limpidity
Which so often
Has a deaf halo
This wonder
So massacred
By nearly all that speak it
This languor
This singing
Amphora
This manly sword
So graceful
Capable of brandishing all the ways
Of all the air
Of all the dances
This voice
This superb
Language
Capable of all the colours
All the risks
Of expression
(And wins always the game)
Capable of everything
Like a woman really
In love
This language
In my constant India
My endless wedding
My love for ever
My dissipation
My eternal
Virginity
In Exílio, Selected Poems, and Labareda
O MONSTRO
Apesar da luz de maravilha
Apesar da paisagem que é soberba
Apesar de Lisboa
Camoniana princesa
Apesar de ter sido português
Dom Pedro Primeiro
Que era apaixonado e justiceiro
Rei da desditosa
Pátria minha amada
O exílio é aqui
Nesta terra usurpada
Pelo Monstro
Que não morre mas mata
Portugal
11.12.1962
In Exílio
THE MONSTER
In spite of the wonderful light
In spite of the superb landscape
In spite of Lisbon
Camoens princess
In spite of having been Portuguese
Dom Pedro the First
Who was a passionate and just
King of the unhappy
Country I love
The exile is here
In this land usurped
By the Monster
Who kills and does not die
In The Sea that Lies Beyond My Rocks, 2010
Cor: Azul (Oferenda I)
DECLARATION
My life flows along the river
Close to the barges where people make their homes
Under the Autumn light in mid-July
Along the crowds that fill the King’s Road
Close to my hope
As savage as a god
In Chelsea to be exact
In London to be exact
In the exact centre
Of freedom
Translated by Luís Amorim de Sousa
Meio-Dia
Sonetos
SONETO 11
O próprio ar se arrasta como um manto
Cobrindo o corpo longo da agonia
O próprio ar precisa de alimento
O próprio ar se queixa: a noite é fria
O próprio ar se deita no meu leito
O próprio ar habita extasiado
O nossa olhar em arco rarefeito
Sofrendo de sublime falta de ar
O nosso olhar: ai comunicamos
Ai vestimos a nudez final
Que julgas porventura desumana.
Nudez do corpo. Simples. Triunfal.
O nosso olhar. Ai séculos e dias.
A sala voa. E a planície é fria
Austin
12.3.1969
In Sonetos
SONETO 108
A lingua portuguesa, sua anca
Arcaica no futuro me combina
A complexa resplandecente e franca
Paixão que me cavalga e eu domino,
Senhor e servo, meu monstro arcangélico
Em que acredito mais que o próprio mundo
Acredita no mundo, fúria fálica
Que partilhas, amor, naquele fundo
Onde as formas atingem a essência,
Escrita nua, monumental e pura,
Linguagem-corpo, corpo em transparência
Onde as próprias feridas transfiguram,
E faço amor com a portuguesa lingua
Que me possui e que eu possuo, linda
Florence
13.7.1972
In Sonetos and Labareda
Opus 7 (Oferenda II)
LULLABY
(Inspirado numa interpretação de Dietrich Fischer-Dieskau)
A canção que eu murmuro
Vai fechar os teus olhos
Vem do leite inocente
Da primeira mãe
São palavras tão suaves
É uma brisa tão leve e tão final
Que o mundo talvez acabe
Quando os teus olhos deixarem
De ouvir os meus
LULLABY
(Inspired by a performance of Dietrich Fischer-Dieskau)
The song I murmur
Will make you close your eyes
It comes from the innocent milk
Of the very first mother
The words will be so gentle
Such a light and final breeze
That the world may not be there
When your eyes stop hearing mine
Royal Festival Hall
8.2.1965
In Opus 7 (Oferenda II) and Selected Poems, translated by Luís Amorim de Sousa for Poetry Library exhibition “Enchantment Will Find Me”, 2016
Ariel e a Luz (Oferenda II)
A água
Meu primeiro elemento
O fogo
Mais tarde
A luz
A luz é agora
Meu elemento lento
Para sempre
Water
My first element
Fire
Later
Light
Light is now
My slow element
For ever
12.1966
In Ariel e a Luz (Oferenda II) and Selected Poems
TÚMULO DE SAFO
Onde
Tua cisterna de fogo, teu dealbar de tigre
Feroz, melodioso?
Onde
Tua seiva de abelhas de ouro
Suaves, vorazes, cruéis,
Esplendentes?
Onde, o silvo musical dos teus dentes?
Onde
O teu nauta bem amado?
Real ou imaginário?
Onde
O teu túmulo,
Safo, Safo, Safo?
TOMB OF SAPPHO
Where
Your cistern of fire, your dawning of tiger
Ferocious, melodious?
Where
Your sap of golden bees,
Gentle, voracious, cruel,
Resplendent?
Where, the musical hiss of your teeth?
Where
Your beloved mariner?
Real or imaginary?
Where
Your tomb
Sappho, Sappho, Sappho?
London
1.2.1967
In Ariel e a Luz (Oferenda II), Selected Poems, and Labareda
ÊXTASE
A-tarde-desliza-barco-branco
Pavana súbita
O coração pára
O sol espera
Margens líquidas
O tempo dança muito lentamente
ECSTASY
The-afternoon-glides-white-boat
Sudden pavanne
The heart stops
The sun waits
Liquid shores
Time dances very slowly
London
6.5.1967
In Ariel e a Luz (Oferenda II) and Selected Poems
Mecânica Celeste (Oferenda II)
AUBADE IN THE AFTERNOON
Num estado de suspensão
(Havia
Nessa tarde um vidro
Que se rasgava em alba
Horizontal)
Agudo e ouro
(A água
Interpretava a pedra
A pedra
Era essa espera
Fantástica
Paradisíaca
No coração
(A pedra
Encantada
Pelo barco longínquo
AUBADE IN THE AFTERNOON
Suspended
(There was
In that afternoon a glass
That tore itself like a dawn
Horizontally)
Sharp and gold
(The water
Interpreted the stone
The stone
Was that waiting
Fantastic
Paradisal
In the heart
(The stone
Spellbound
By the distant boat
Austin
22.1.1968
In Mecânica Celeste (Oferenda II) and Selected Poems
CERIMÓNIA
A dança é o gesto
Em que o homem toca
A palma da mão do deus
New Mexico
22.3.1970
In Mecânica Celeste (Oferenda II)
CEREMONY
Dance is the gesture
In which man touches
The palm of the hand of the god
In Alberto de Lacerda: Nine Poems, translated by David Wevill
Reprint from Winter, 1969, issue of Arion, pp. 546-555
“Poema Escrito nas Paredes de Nova Iorque”, originally published in Mecânica Celeste, has been translated by Dean Thomas Ellis in the New Orleans Review website.
Átrio
Silêncio
Mestre
O mestre
Supremo
Yèvre-le-Châtel
7.7.1990
In Átrio
Silence
Master
The supreme
Master
Translated by Isabel Pinto-Franco and William Corbett for Boston University tribute “Remembering Alberto de Lacerda”, 2008
Horizonte
A caminhada mais longa
É a despedida
Muito breve que seja
A caminhada mais longa
É a despedida
Partiste
Ficou tudo
Por dizer
Quase tudo
Partiste
Como é possível
Interromper
A eternidade?
New York
8.6.1998
In Horizonte
The longest walk is the walk
That leads to the farewell
As brief as it may be
The longest walk is the walk
That leads to the farewell
You have left
Everything
Was left unsaid
Almost everything
You have left
Can eternity
Be
Stopped?
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
Contributions
Um sol interior
Um sol exterior
Um sol interior munificente
Um sol exterior munificente
Exigente
Uma serpente em espiral em direcção
Ao sol
As cores últimas resolvidas na coluna
Do sol
O sol
Em majestade
In Labareda
Sun within
sun without
internal sun bestowing
external sun bestowing demanding
snake
uncoiling towards the sun
the root colors
resolved in the pillar of sun
sun
in majesty
Mexico City
21.12.1969
In Alberto de Lacerda: Nine Poems, translated by David Wevill
Reprint from Winter, 1969, issue of Arion, pp. 546-555
O caminho para a luz
Porque passa pela luz
É um caminho sem fim
O caminho para a luz é difícil
Mas só a facilidade o permite
O caminho para a luz nem é íngreme
Nem é plano
É consecutivamente
Imprevisível
O caminho para a luz não é caminho
Porque é ele que vem ter connosco
London
12.6.1980
Unpublished
The pathway to the light
As it goes along the light
Is an endless pathway
The pathway to the light is hard to follow
Only easiness allows it
The pathway to the light is neither steep
Nor flat
But step by step
Unpredictable
The pathway to the light is not a pathway to be followed
Because it comes towards us
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
Posthumous
WATERLOO
Aqui se perfazem os ciclos
De quando em quando
Aqui se fica à espera
Encantado
Não se sabe porquê
Aqui se entrecruza
Mais ou menos tudo
Ao findar do dia
Aqui se erguem
Debaixo desta ponte
Certos fantasmas
Um por um
Morro
Renasço
A ordem dos factores é arbitrária
In Labareda
WATERLOO
Things tend to come full circle here
From time to time
Enchantment finds me here
Wondering why things converge
Towards the close of day
Under this bridge
Certain ghosts reappear
They come back
One by one
I die
I feel brought back to life
The ghosts arrive
In no particular order
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
IN MEMORIAM V. S.
Pausa austera
Lentamente
Entrevista
Contemplado
O negrume
No poço
Insondável
O coração ousa
Mais tarde
Séculos mais tarde
Percorrer de novo
Lenta-
Muito lenta-
Mente
O horizonte
Paris
11.3.1992
In Nocturnos (unpublished) and in Alberto de Lacerda – Encontros com Vieira da Silva e Arpad Szenes, 2009
And suddenly an angel
Descends
Upon the convulsive knot
Blue matter
In Apesar de Tudo, 2017, and translated by Luís Amorim de Sousa in In Spite of All, 2015
W. S.
A assinatura que parece um desenho
A tesa enorme
Sobre o túmulo hermético
Uma vida hermética
E escreveu labirintos de fogo
Iluminando
Tudo
London
3.2.1993
In Poesia Magra (unpublished)
W. S.
His signature looks like a drawing
A huge forehead
Over the hermetic tomb
Hermetic life
He wrote labyrinths of fire
Throwing light on
Everything
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
E recomeçam os pássaros a cantar
Antes do erguer do dia
E os pássaros da há vinte
De há trinta?
De há quarenta anos?
Haverá um céu
Unicamente
Para pássaros?
Ninguém os vê envelhecer
Ninguém os vê mortos
(Só por acidente)
Os pássaros
Não morrem
Desaparecem
London
16.3.1993
In Poesia Magra (unpublished)
And once again the birds begin to sing
Before the break of day
And what of those birds
Of thirty
Of forty years ago?
Is there a sky
For the birds?
Nobody sees them turn old
Nobody sees them lying dead
(only by chance)
Birds do not die
Birds disappear
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
A hora passa
E o momento:
Por vezes se encontram
London
24.6.1993
In Presença (unpublished)
The hour goes
And the moment:
Occasionally they meet
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
Continuas presente
Com a mesma intensidade
(O fogo é agora luz
Em vez de labareda)
Boston
11.4.1994
In O Fio da Meada (unpublished)
Your presence remains
Just as intense
(The fire has turned into light
instead of flame)
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
A agulha de marear
És tu
A caravela és tu
Estátua de proa avançando
Para o porto
Desconhecido
Inteiramente imprevisto
O mais formoso
És a agulha de marear
A caravela
Boston
1.5.1994
In O Fio da Meada (unpublished)
The compass needle
You are
You are the caravel
The figurehead
Approaching
The unknown harbour
Uncharted
The most enchanting
The compass needle you are
The caravel
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
E será tudo
Cada vez mais lento
Mais extasiado
Monotonia
–Por assim dizer
Divina
New York
6.5.1994
In O Fio da Meada (unpublished)
And everything will be
Slower and slower
More and more ecstasy bound
Divine
–One might call it
Monotony
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
CONTINUA NA PRÓXIMA GUERRA
Nunca cresceram
Meninos com birras
Só se distraem
A brincar com soldados de chumbo
Os soldados são eu tu ele
Nós vós eles
E o resto do mundo
London
10.2.2003
Dictated by telephone by Alberto de Lacerda to be read by Luís Amorim de Sousa at an anti-war poetry reading at Palácio Frontiera, Lisbon, 25.2.2003
TO BE CONTINUED IN THE NEXT WAR
They never grew up
Bratty children
Their only fun comes from playing
With toy soldiers
The soldiers are me you him
Us you them
And the rest of the world
Translated by Luís Amorim de Sousa
Ao vento disseste o que nunca
A mais ninguém tinhas dito
To the wind you have confided
What you never told a soul
Last poem, undated
Translated by Luís Amorim de Sousa for “Enchantment Will Find Me”, 2016
Index
Index of poem titles and first lines
Poems are listed in the chronological order in which they appeared in book form during Alberto’s lifetime. Additional poems are listed as they appeared in literary contributions. Posthumous works are listed in the order in which they were written.
77 Poems
SEGUIAS TU PELA ESTRADA / YOU WERE GOING BY THE ROAD
IMAGEM / IMAGE
ORFEU / ORPHEUS
DIOTIMA/ DIOTIMA
Palácio
O TIGRE QUE CAMINHA / THE TIGER THAT WALKS
AMOR / LOVE
PARIS, À TES PIEDS
Exílio
AGONIA
A LÍNGUA PORTUGUESA / THE PORTUGUESE LANGUAGE
À CIDADE DE LISBOA / TO THE CITY OF LISBON
O MONSTRO / THE MONSTER
Cor: Azul (Oferenda I)
DECLARAÇÃO / DECLARATION
Meio-Dia
AUSTIN REVISITED / AUSTIN REVISITED
AUSTIN / AUSTIN
Mil sombras me perseguem / A thousand shadows pursue me
Não há ruínas / There are no ruins
WALT WHITMAN DÁ-ME A TUA MÃO / WALT WHITMAN GIVE ME YOUR HAND
Sonetos
SONETO 11
SONETO 108
Opus 7 (Oferenda II)
ATELIER DE ARPAD SZENES / ARPAD’S STUDIO
LULLABY / LULLABY
MELODIA / MELODY
AS PONTES VISÍVEIS E AS INVISÍVEIS / THE VISIBLE AND THE INVISIBLE BRIDGES
Ariel e a Luz (Oferenda II)
[THE KING OF LONDON]THE WEAPONS OF WAR PERISHED / THE WEAPONS OF WAR PERISHED
A água / Water
TÚMULO DE SAFO / TOMB OF SAPPHO
SEQUÊNCIA / SEQUENCE
ÊXTASE / ECSTACY
Mecânica Celeste (Oferenda II)
SAUDADE / SAUDADE
AUBADE IN THE AFTERNOON / AUBADE IN THE AFTERNOON
O veludo é explosivo / Velvet is explosive
ON HEARING MARIANNE MOORE READING HER POETRY / ON HEARING MARIANNE MOORE READING HER POETRY
PALÁCIO DE PIERO DELLA FRANCESCA / PALACE OF PIERO DELLA FRANCESCA
UMA ÍNDIA DO PUEBLO SANTO DOMINGO / AN INDIAN WOMAN OF PUEBLO SANTO DOMINGO
CERIMÓNIA / CEREMONY
MARCHA DA PAZ / PEACE MARCH
POEMA ESCRITA NAS PAREDES DE NOVA IORQUE
Átrio
Silêncio / Silence
Horizonte
Sentado num café ao ar livre / Sitting in an open air café
A caminha mais longe / The longest walk is the walk
Não tive as irmãs de Morandi / I did not have Morandi’s sisters
Contributions
Un sol interior / Sun within
VERÃO / SUMMER
O caminho para a luz / The pathway to the light
TOURO PEDRO
Posthumous
WATERLOO / WATERLOO
IN MEMORIAM V. S.
CHIAROSCURO / CHIAROSCURO
E desce / And suddenly an angel
W. S. / W. S.
E recomeçam os pássaros a cantar / And once again the birds begin to sing
A hora passa / The hour goes
A casa ficou por construir / The house was never built
Continuas presente / Your presence still remains
A agulha de marear / The compass needle
E será tudo / And everything will be
A escuridão é total / Darkness is total
VERMEER
E há o jornal / And there is the paper
CONTINUE NA PRÓXIMA GUERRA / TO BE CONTINUED IN THE NEXT WAR
Ao vento disseste / To the wind you have confided